As instituições de ensino superior do País precisam começar a lidar mais com a "pré-universidade", defendeu o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Carlos Alberto Aragão. O futuro das universidades e da pós-graduação brasileiras foi debatido nesta sexta-feira, 28, durante a Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Na avaliação de Aragão, "os problemas da universidade começam no ensino fundamental", que não consegue ensinar bem às crianças as duas linguagens mais importantes para o desenvolvimento científico: matemática e português. "Nós precisamos de professores bem formados, qualificados e cujos salários sejam dignos. A universidade tem o papel de contribuir para formar bons professores", defendeu.
O presidente do CNPq também criticou o fato de o estudante precisar escolher precocemente, ao final do ensino médio, a carreira que pretende seguir. Ele propôs que os cursos de graduação ofereçam, nos dois primeiros anos, uma formação mais básica para que após esse período o estudante possa eleger uma área. "Assim, ele fará uma escolha madura que terá depois de dois anos na universidade", disse.
Os participantes do debate criticaram a "compartimentalização" das instituições em departamentos fechados que não interagem na produção de conhecimento. "É uma coisa altamente prejudicial que vai na contramão da história. A tendência moderna é a multidisciplinaridade e a organização em torno de temas. É pensar muito mais o problema em vez do rótulo", afirmou Aragão.
O professor Luiz Bevilacqua, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), defendeu que a universidade precisa de mais "coragem, criatividade e ousadia" para romper com os modelos antigos, sem necessidade de copiar "o resto do mundo".
"A academia tem de ser muito mais integrada. Não pode haver a separação de aluno de graduação, aluno do doutorado, professores, técnicos administrativos. As coisas têm de funcionar mais em conjunto", disse.
Fonte: Estadão
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